O projeto terá relevante papel na distribuição de água no sertão do Ceará. FOTO: Eduardo Queiroz |
Com o quinto ano consecutivo de estiagem no Nordeste brasileiro, os sertanejos depositam quase todas as esperanças na conclusão da maior obra de infraestrutura hídrica do País, a Transposição do Rio São Francisco, que beneficiará 12 milhões de pessoas em 390 municípios dos Estados do Ceará, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande de Norte.
A obra, que estava originalmente planejada para ser entregue em 2012, agora tem previsão, segundo o Ministério da Integração (MI), para conclusão em dezembro deste ano. "O ministério trabalha com esse cronograma. É importante destacar que é uma previsão. A efetiva conclusão depende do compromisso das construtoras de ampliar a produtividade", ressaltou o MI. Caso o prazo seja cumprido, a expectativa é de que as águas corram pelos canais até o primeiro trimestre de 2017.
O prolongamento do término das obras, ainda conforme o MI, deve-se às "renegociações contratuais do empreendimento entre o Ministério da Integração e as empresas construtoras", que duraram dois anos. Neste período, destaca, não houve paralisação total dos serviços mas, "uma desaceleração das frentes de trabalho". Em 2013, a problemática foi solucionada com a conclusão de novas licitações.
Para cumprir o novo prazo, cerca de dez mil operários trabalham em três turnos ao longo dos 477 quilômetros de extensão da obra. O projeto está sendo executado por etapas, priorizando às captações até os Estados que serão beneficiados, no chamado "caminho das águas", e atua em duas frentes. O eixo Norte, com execução de 88.7%, o qual levará água para áreas de Pernambuco; e o eixo Leste, 85.4% concluso, cujo destino das águas será o Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.
Avanços
Além do trecho linear, a obra prevê a construção de quatro túneis. O maior deles, de 15 km, tem 14 aquedutos, 27 reservatórios e nove estações de bombeamento, das quais, de acordo com o secretário de Infraestrutura Hídrica do MI, Osvaldo Garcia, já foram entregues as primeiras de cada eixo. A segunda estação de bombeamento (EBI-2) do Eixo Norte, em Cabrobó (PE), está em fase de testes.
Outras três estações de bombeamento foram entregues pelo governo entre 2014 e 2015: as duas primeiras do Eixo Leste (EBV-1 e 2), em Floresta (PE), e a primeira estação do Eixo Norte (EBI-1), no município de Cabrobó. Das demais estações, do total de nove do projeto, duas estão em estágio avançado de montagem dos equipamentos e as outras três seguem em ritmo intenso de construção.
Contudo, para atender à alta demanda, a liberação dos recursos federais para empresas executoras das obras do Projeto de Integração do Rio São Francisco foi elevada de R$ 150 milhões para até R$ 215 milhões mensais, o que representa um aumento de 43%. O objetivo, segundo o MI, "é garantir que o empreendimento esteja concluído até o fim deste ano".
"Determinamos às construtoras que ampliem ao máximo a capacidade de execução das obras para que cumpramos o prazo dado pelo presidente Michel Temer", frisou o ministro. Hoje, a água do São Francisco já percorre 71,3Km nos dois eixos.
Estruturante
Em paralelo às obras que levarão as águas do "Velho Chico" aos Estados mais atingidos pela seca, estão sendo realizadas obras estruturantes. Na Paraíba, a Vertente Litorânea; em Alagoas, o Canal do Sertão; em Pernambuco, a Barragem da Ingazeira e a Adutora do Agreste; no Rio Grande do Norte, a Barragem de Oiticica; e, no Ceará, o Cinturão das Águas (CAC). Ele, por exemplo, recebeu reforço de R$ 619 mi, anunciado pelo governo do Estado em maio deste ano e garantido pelo governo Federal.
O projeto terá relevante papel na distribuição de água no sertão do Ceará. A partir do CAC, será possível levar a água de Jati ao Castanhão, por meio do Rio Salgado e Riacho dos Porcos, os quais deságuam no Rio Jaguaribe. De acordo com a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), 22 dos 32 quilômetros já estão prontos.
A expectativa, segundo o governador Camilo Santana, é entregar o trecho de 32 quilômetros do Cinturão das Águas do Ceará junto ao Projeto de Integração do Rio São Francisco, até dezembro deste ano. "O Cinturão das Águas precisa andar paralelamente ao Canal da Transposição do Rio São Francisco", pontuou Heitor Studart, presidente do Conselho Temático de Infraestrutura da Fiec.
"A intenção de obter mais recursos é para que a gente possa dar velocidade a essa obra importante para o Cariri", explicou o governador, em visita ao Cariri. O Cinturão prevê a construção de 1,3 mil quilômetros de canais, sifões e túneis que levarão água para 12 bacias hidrográficas do Ceará. Somente no Trecho 1, previsto para dezembro, o equipamento vai beneficiar mais de um milhão de pessoas na Região do Cariri. (Diário do Nordeste)
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