46 fósseis da região da Chapada do Araripe serão repatriados, de
acordo com informações do Ministério Público Federal no Ceará (MPF-CE). A
Justiça da França, país em que os fósseis estavam sendo comercializados
ilegalmente pela internet, autorizou que os itens, de alto valor museológico,
retornassem para o Cariri cearense.
As
autoridades brasileiras avaliam agora os cuidados e custos necessários para
fazer o transporte ao Brasil. Os fósseis, que tem custo estimado de R$ 2,5
milhões, são de pterossauros, tartarugas marinhas, aracnídeos, peixes, répteis,
insetos e plantas.
Rafael
Rayol, procurador do MPF-CE responsável pelo caso, ressalta a relevância desse
caso para a comunidade científica. Ele explica que muitos desses fósseis foram
catalogados apenas no Ceará e estão em ótimo estado de conservação. “Esse é um
momento único e ímpar na nossa história, nunca aconteceu antes uma repatriação
de fósseis, especialmente nessa magnitude”, ressalta.
Quando
chegarem no Brasil, os fósseis devem ser destinados à Universidade Regional do
Cariri (Urca), pólo que conta com um laboratório de paleontologia, em parceria
com outras instituições, como a Universidade Federal de Pernambuco e do Museu
Nacional.
Rayol
explica ainda que existem vários processos de repatriação em andamento e a
liberação depende essencialmente da cooperação das autoridades internacionais.
Ele comentou que alguns deles estão próximos de voltarem ao País, como a cabeça
de um pterossauro que está na Alemanha.
Em
2017, foi identificado um esquema de
tráfico internacional de fósseis envolvendo o Cariri, os
Estados Unidos e a França. Pelo menos mil fósseis, oriundos da Bacia do
Araripe, foram descobertos em um depósito clandestino em território francês.
Entenda
o caso
A
descoberta de 46 fósseis da região do Cariri foi feita após a denúncia da
paleontóloga Taissa Rodrigues de um fóssil a venda na internet por US$ 248,9
mil. O caso motivou o Ministério Público a fazer um pedido de busca e apreensão
na sede da empresa francesa Geofossiles, gerida por François Escuillie.
Escuillie
seria é vendedor e reparador do maior laboratório de reparação e reconstituição
de fósseis. Ele já havia sido investigado em inquérito policial por
participação em esquema de tráfico internacional de fósseis e, conforme as
investigações, era destinatário de fósseis extraídos ilegalmente da Chapada do
Araripe.
O
francês, entretanto, afirma que o esqueleto de pterossauro era, na verdade, um
esqueleto reconstituído em resina que ele havia adquirido ao comprar um lote de
ossos de uma sociedade italiana em 2002.
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