Um em cada quatro brasileiros concorda que “um homem que fica em casa para cuidar de seus filhos é ‘menos homem’”. O Brasil está entre os três países com maior índice de concordância com esta afirmação, e só perde para a Índia (36%) e para a Coréia do Sul (76%).

Estes dados estão em um estudo que investiga a percepção da população de 27 países, incluindo o Brasil, sobre igualdade entre homens e mulheres no que se refere à responsabilidade de cuidar das crianças e do lar. O levantamento foi realizado pela Ipsos em parceria com o Instituto Global para a Liderança Feminina do King’s College London.

Na outra ponta do ranking, os três países que mais discordam desta sentença são a Sérvia (92%), a Holanda (90%) e a Colômbia (87%). A pesquisa mostra que, globalmente, a tendência é, de fato, discordar. Cerca de 75% dos entrevistados afirmaram ter opinião contrária à frase.

Um dado curioso é que no Brasil praticamente não há diferença no índice de homens (27%) e mulheres (25%) que acreditam que se dedicar aos filhos e ao lar diminui a masculinidade. Em nível internacional, esta média é de 20% e 16% respectivamente.

A predominância do pensamento machista no brasileiro, chamemos assim, também se revela em outro ponto do estudo. O Brasil apresenta o maior índice de discordância ao dever de empresas e empregadores oferecerem flexibilidade aos homens para equilibrar o cuidado com as crianças e a vida profissional.

31% dos brasileiros não consideram que esta iniciativa seja importante. Só para se ter uma ideia, a média global de discordância neste aspecto é 18%. Entre os brasileiros que fazem parte do grupo divergente, os índices maiores estão entre donos de negócio próprio (42%) e os mais jovens (36%).

“Os números de discordância sobre a necessidade de flexibilização das empresas para auxílio aos homens para cuidar dos filhos são convergentes com o número de pessoas que acredita que um homem é menos ‘homem’ quando está em casa cuidando do lar e dos filhos”, analisa Rafael Lindemeyer, diretor de clientes na Ipsos, no material de divulgação do estudo.

“A pesquisa mostra que esse equilíbrio parece não ser tão necessário de acordo com o estágio de vida, pois muitos ainda não sentiram na pele a necessidade de dividir o cuidado do filho ou porque isso interfere em uma dinâmica do negócio”, complementa.

Mesmo estando entre os três países que mais acreditam que um homem é “menos homem” por cuidar dos filhos; e também liderar o índice dos países que não acham importante que os empregadores flexibilizem a rotina dos pais, o Brasil surpreende em um dos aspectos da pesquisa.

O País aparece entre os mais confiantes que a discriminação contra mulheres que cuidam exclusivamente das crianças e do lar pode terminar nos próximos 20 anos. 52% dos brasileiros entrevistados pensam desta maneira. Este é o terceiro maior índice apontado pelo levantamento e o Brasil divide a “medalha de bronze” com a África do Sul. A Índia (59%) e a Malásia (55%) ocupam o topo do pódio. Em comum, os quatro países têm o fato de mais da metade de sua população demonstrar esta confiança.

Já o Japão é o mais pessimista. Apenas 14% dos japoneses acham possível esta mudança de comportamento. Rússia (23%) e Hungria (24%) aparecem na sequência do ranking. A média global é de 39% de pessoas confiantes na alteração de padrão contra 42% de não confiantes.

O estudo foi realizado em 27 países, com 18.800 entrevistados, sendo 1.000 brasileiros, entre os dias 21 de dezembro de 2018 e 4 de janeiro de 2019. A margem de erro é de 3,1 pontos percentuais.

Países onde a pesquisa foi realizada
África do Sul, Alemanha, Argentina, Austrália, Bélgica, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Coréia do Sul, Espanha, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Holanda, Hungria, Índia, Itália, Japão, Malásia, México, Polônia, Peru, Rússia, Sérvia, Suécia e Turquia.               (O Povo)

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