Multas da Cagece por má qualidade da água em 2019
somam
mais de meio milhão
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Responsável
por prestar os serviços de distribuição de água e esgotamento em 151 dos 184
municípios cearenses, a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) soma mais
de R$ 576.937,00 em multas por infrações referentes à qualidade da água somente
neste ano. Os dados foram repassados pela Agência Reguladora do Estado do Ceará
(Arce), que fiscaliza a empresa. A Cagece nega as irregularidades.
Até
setembro de 2019, a Arce aplicou 35 processos administrativos punitivos contra
a companhia, 12 a mais que no mesmo período de 2018. Segundo o coordenador de
Saneamento Básico da Agência, Geraldo Basílio, “as multas desta natureza
avaliam o fornecimento de água fora dos padrões de potabilidade estabelecidos
pela legislação”. Esse controle e qualidade são definidos pelo Ministério da
Saúde. Os critérios levados em conta são: turbidez, coliformes totais e cloro
residual livre apresentados nas amostras.
Morador
do município de Jaguaruana, no Vale do Jaguaribe, o estudante de Engenharia de
Software Gabriel Maia, 21, teve um problema no olho causado pelo cloro na água
que chega à sua casa. Ele diz que quando vai escovar os dentes ou tomar banho,
sente “o cheiro forte de cloro”. “Por volta de maio, após um banho, meu olho
começou a coçar muito e ficar muito vermelho. Eu fui ao oftalmologista e ele
falou que o motivo era o contato com o cloro da água”.
Cagece
diz atender a exigências
Em
nota, a Cagece informou que “atende a todas as exigências legais do Ministério
da Saúde, contidas na Portaria de Consolidação nº5/2017” e que “possui uma
gerência específica para acompanhamento das demandas regulatórias”.
“Além
de atender a todos os parâmetros do tratamento, a Companhia também realiza o
monitoramento da água distribuída à população. Ao todo, 206 laboratórios em
todo o Ceará realizam diariamente ensaios de tratabilidade e o monitoramento da
água que servirá para abastecimento”, diz a nota.
Ainda
segundo a Cagece, fica sob responsabilidade da agência reguladora a gestão dos
processos de fiscalização, o controle das notificações recebidas, vistorias
prévias e de rotina aos sistemas de abastecimento de água, esgotamento
sanitário e gerencial da Companhia.
Riscos
à saúde
Assim
como no caso do estudante Gabriel Maia, o contato com o produto abaixo desses
parâmetros causa uma série de problemas à saúde humana.
Carlos
Márcio Soares Rocha, químico industrial e doutor em Geologia, aponta
complicações intestinais, gastroenterite e náuseas.
O
especialista explica que o quadro é causado pela presença de “bactérias do
grupo coliformes totais e cloro que podem causar problemas de mal estar, por
ser oxidante, além de turbidez material coloidal orgânica dissolvido na água”.
Em
nota, a Cagece informou que “realiza monitoramento dos parâmetros de água na
estação de tratamento que distribui água para Jaguaruana a cada duas horas.
Além disso, outras análises são realizadas pela companhia em outros pontos do
município”. A Cagece ainda orienta os clientes que entrem em contato pelos
canais de atendimento disponíveis, como a Central de Atendimento
(0800.275.0195), o aplicativo Cagece App (disponível para Android e iOS) ou por
meio da Gesse, a assistente virtual da companhia, que atende pelo site da companhia.
Histórico
Em
2017, a Arce dirigiu 77 multas à Cagece que, juntas, chegam a R$ 798.972,39 -
23 relacionadas a qualidade da água. Foram registradas, também, multas de
outras três naturezas: provisão dos serviços, que analisa fatores como não
atender à solicitação do usuário de conexão à rede pública; gestão comercial e
Faturamento, que alerta, entre outras coisas, quando o serviço é prestado sem
contrato ou com contrato em desacordo com o exigido pela lei; e proteção
ambiental, relaciona às questões ambientais.
Somadas
todas as categorias de análise (relacionamento com o usuário, emergência e
contingência, além das já citadas) de 2012 a setembro deste ano, as multas
aplicadas chegam a quase R$ 4 milhões.
A
companhia tem até dois recursos na Justiça para recorrer das decisões. Sobre
isso, a Cagece informou que do total de 422 notificações recebidas de 2012 a
setembro de 2019, 100 foram anuladas por meio de defesa e 29 encontram-se em
fase de recurso.
(G1 CE)
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