Mulheres idosas se destacam na Marcha do Dia Internacional das Mulheres em Crato. FOTO: Alana Maria |
Fortaleza,
Recife, São Paulo, Londres, Madrid, New York e, como já é de costume, a cidade
do Crato, na Região Metropolitana do Cariri, compõe a lista de pontos de
manifestação pela luta das mulheres mundo afora. Marcada por protestos contra
as reformas governamentais, o Dia Internacional das Mulheres em Crato reuniu
centenas de manifestantes de toda a região, que ocuparam as ruas do centro da
cidade em caminhada até a sede da Previdência Social, onde findaram com um
protesto contra a reforma da Previdência e contra a reforma Trabalhista.
Entre
lideranças políticas, professoras, servidoras públicas, donas de casa, jovens
universitárias, sindicalistas, gente de partido e gente sem partido algum, o
destaque da marcha deste 8 de março vai para a participação das senhoras idosas
que deixaram seus lares cedo da manhã para exigirem seus direitos na rua.
Entre elas, pelo menos 20 agricultoras rurais vieram da Ponta da Serra, Monte
Alverne, Dom Quintino, Santa Fé e Assentamento 10 de Abril para participar da
caminhada.
Exemplo
de perseverança, Maria Zilma Correia Moura, aos 83 anos, marcha segurando uma
faixa que denuncia a violência contra as mulheres sob o caloroso sol das 10
horas. “Todo ano eu participo dessas caminhadas porque gosto de me movimentar
pelos meus direitos”, diz. “Eles não querem dar nossos direitos, então a gente
vai à luta. A gente vai até a lua e toma”, afirma. Ex-agricultora rural, Zilma
se diz inconformada com as mulheres que não ousam sair de seus confortos e
marchar junto. “Eu passo na rua chamando. Eu digo ‘venha, hoje é nosso dia,
precisamos lutar’ até convencer”, revela.
No
auge dos seus 90 anos, Rosa Oliveira, termina sua segunda participação na
marcha das mulheres. Mesmo depois de caminhar do Largo Júlio Saraiva até a
praça da Sé e de lá seguir até a rua José Marrocos, onde fica a sede da
Previdência Social de Crato, Rosa continua ativa e agitada. “Ano passado eu vim
e esse ano estou aqui de novo, porque hoje é o Dia da Mulher e esse dia não foi
conquistado em vão”, explica.
Rosa
começou a trabalhar aos 10 anos de idade, em 1928. Passou por plantações de
algodão, feijão, arroz e milho em Santana do Cariri. “Trabalhei até não poder
mais”, desabafa. Então passou a ser lavar e engomar roupa por encomenda,
trabalho que lhe dava alguma renda. Sem conseguir aposentadoria pelos anos de
trabalho informal na roça, Rosa é pensionista devido a morte do marido. Ela diz
ser contra a reforma da previdência. (Cariri Revista)
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