Horizonte
que prenuncia chuva traz ânimo para agricultura
no Ceará. FOTO: Raimundo Soares
Silva
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a casa de fava, milho, feijão. Cícero Gomes, 42, conta do desejo que este ano
há de vingar. Agricultor do município de Assaré, na microrregião da Chapada do
Araripe, Cícero tem nutrido a esperança de que, depois de seis anos amargando
safra baixa, 2018 vai ser ano de roça farta. “Ano passado, a gente teve até
gosto de levar pra roça, mas não teve de trazer. Os açudes daqui começaram a
pegar água. Tava seco torrado, mas a água começou a pegar. É o ano melhor
dessas seca tudinha”, conta.
Como
Cícero, outros agricultores do Ceará vão vendo nas chuvas de janeiro e
fevereiro o sinal de que a quadra chuvosa vai dar bons frutos. É como entende o
presidente da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará
(Ematerce), Antônio Rodrigues de Amorim. Conforme projeta, a safra de milho
deste ano deve ser recorde e se equiparar à colheita de 2011, chegando a 800
mil toneladas. “Nesses anos de seca, a safra quando muito chegava a 250 mil
toneladas”.
Aproveitando
o solo molhado das chuvas, Amorim conta que cerca de 70% do plantio já foi
realizado na chamada agricultura de sequeiro em todas as regiões — mesmo que
ainda haja dificuldade em regiões como o Sertão Central e o Vale do Jaguaribe.
Contudo, para as culturas perenes dos perímetros irrigados, o repasse de água permanece
estagnado.
O
secretário dos Recursos Hídricos, Francisco Teixeira, reconta que, atualmente,
a água para a economia rural não chega a 30% do uso total no Estado. Em 2012,
agricultura, pecuária e e carcinicultura chegavam a utilizar 70% dos recursos
hídricos do Ceará.
Esperançoso
com o que já teve de chuva até agora e com perspectiva de que as precipitações
se intensifiquem, o secretário de Política Agrícola da Federação dos
Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultora Familiares do Estado do Ceará
(Fetraece), José Francisco de Almeida Carneiro, acredita que haverá recarga nos
reservatórios suficiente para diminuir as restrições de água ao consumo
agrícola já em julho.
“Mas
não podemos perder de vista os ensinamentos que a seca nos dá: bom inverno e
seca são cíclicos e temos de ser racionais no uso da água para uso
humano e agricultura”, assevera.
Substituir
culturas como as de banana e arroz, que usam água em demasia, por macaxeira,
batata doce e pitaya, e usar palma forrageira para consumo do rebanho, por
exemplo, são opções citadas por Teixeira.
“Mesmo
que encha tudo, deveremos ter um consumo menor, desenvolvendo um modelo mais
adaptado ao semiárido. Nada poderá ser como antes, porque, senão, significa que
não aprendemos com a seca”.
(O Povo)
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