No bairro Edmundo Rodrigues, em Forquilha, a força da água destruiu parte de uma obra de saneamento básico, abrindo uma cratera. FOTO: Marcelino Júnior |
Forquilha. A forte
chuva que colocou este Município do Norte do Estado na segunda (116,6mm) e
quarta posição (100mm), no Ranking das dez maiores precipitações de segunda
para terça-feira, segundo a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos
Hídricos (Funceme), também deixou um rastro de destruição em alguns pontos.
Um
trecho da Rua Paulo Francileno Barbosa, próximo ao Centro, que passava por
reformas para receber obras de saneamento básico, não resistiu à força da água,
ficando completamente destruído. O buraco aberto deixou a via sem condições de
tráfego. Segundo os moradores, a chuva começou por volta das 16h, se estendendo
até à noite, sem muita trégua.
Ali
próximo, a água também pôs abaixo parte do muro de trás de uma Escola de Ensino
Fundamental. Ninguém ficou ferido. "Foi um susto grande, quando a água
começou a subir e arrastar o material da obra de esgotamento da rua. Pouco
tempo depois, o muro da escola não aguentou e caiu", relatou a dona de
casa Maria da Consolação Soares, que teve parte da sala inundada.
Correnteza
O
Cemitério São Francisco, no Centro, também teve parte do muro traseiro
destruído, expondo lápides e túmulos. Com a correnteza que se formou, as
moradias que ficam numa rua abaixo do nível do cemitério foram invadidas pela
lama. "Já estávamos preocupados com tanta chuva e o barulho dos trovões, à
tarde inteira. Quando o muro desabou, foi um susto grande. Foi um sufoco para
salvar os pertences, já que não tinha como impedir a entrada da água. Graças a
Deus, não perdi nada, mas as paredes e o piso da casa ainda estão
encharcados", disse a aposentada Dalva Gomes de Oliveira.
Alagamento
No
Bairro Alto Alegre, a água também subiu inesperadamente e entrou pelas
residências. Uma das vítimas da enxurrada foi a comerciante Sônia Siqueira.
"Eu perdi quase todos os meus móveis e parte dos eletrodomésticos. Eu moro
e trabalho aqui, então, não sei como vou resistir se voltar a chover
assim", lamentou, olhando, da porta de casa, para o céu encoberto de
nuvens carregadas.
Essa
nebulosidade, de acordo com a Funceme, representa predominância de chuva na
região Centro-Norte, ainda para esta quarta-feira (11), assim como nebulosidade
variável com chuva, nas demais regiões do Ceará, causada pela influência da
Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) e um Cavado de Altos Níveis (CAN),
responsáveis pelas chuvas do Estado do Ceará nesse período.
Ibiapaba
No
município de Guaraciaba do Norte, na Serra da Ibiapaba, o dia foi de muito
trabalho, após a chuva 62mm que surpreendeu pela força, formando correntezas e
vários pontos de alagamento. Trechos da Rua Coronel João Cícero Memória, e da
Avenida Nossa Senhora dos Prazeres, ambas no Centro, foram bastante
danificados. A primeira segue intransponível, por conta da obra de esgotamento
sanitário realizada, até então.
O
assunto tem repercutido nas rádios locais e nas redes sociais. Segundo o
radialista Diassis Lira, "foi uma verdadeira tromba d' água que caiu na
cidade, causando todo esse estrago".
De
acordo com o secretário de Infraestrutura de Guaraciaba do Norte, Jair Boto,
"o projeto de drenagem e pavimentação dessa rua está em andamento. Mas os
moradores vão ter que esperar, ainda, pois não há uma data definida para
resolver o problema. A previsão é que a obra recomece, em 45 dias", disse.
Aportes
Apesar
dos estragos, as chuvas que banharam o Estado, nos últimos dias, foram
importantes para uma significativa mudança no que diz respeito ao aporte dos
reservatórios cearenses. O levantamento dessa terça-feira registrou aporte de
água em 85 açudes, com aumento, nesse período, de 43.666.441 m³, no volume
armazenado.
Ao
levar em consideração a estimativa do volume evaporado e o volume liberado
neste período, o Portal Hidrológico do Ceará, que monitora 155 reservatórios no
Estado, aponta um aporte total de 57.433.949 m³.
O
Castanhão (Alto Santo), importante reserva hídrica do Ceará, recebeu, nessa
terça-feira (10), 5 metros e 86 cm em coluna d'água. No mesmo período do ano
passado (fevereiro a abril), esse ganho foi de apenas 2 metros e 4 centímetros,
e a diferença entre os dados revela a inegável saída do volume morto. Só ontem,
o açude apresentou 15.262.217 m³ de aporte.
De
acordo com Fernando Pimentel, administrador do complexo administrativo do
reservatório, hoje, com toda a tecnologia que possui, o Castanhão está pronto
para receber as águas do São Francisco. "Esperamos, pelo menos, que
tenhamos em alguns dias, cerca de mais 10 metros de coluna d'água. E essa
mudança de volume, ainda, nesse período de abril, nos abre a certeza de
garantia hídrica até a próxima quadra chuvosa, claro, com a utilização racional
de seus recursos", comemorou.
Irrigação
Quem
também acompanha com olhar atento as mudanças de volume de água, são os
irrigantes do Complexo de Irrigação Araras Norte, em Varjota, no Norte do
Estado. Ontem, o Araras foi o terceiro reservatório em maior volume de aporte
apontado pela Cogerh (6.671.020 m³).
"Isso
nos dá a garantia de manutenção do cultivo de frutas plantadas no ano passado,
por meio de irrigação. As plantações de banana, manga e mamão, que levam, em
média, dois anos para serem colhidas, terão melhor produção no período de
verão, com essa garantia de aporte. Estamos cheios de esperança que iremos
superar o ano passado", declarou Haroldo Lima, secretário de Recursos
Hídricos de Varjota. (Diário do
Nordeste)
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