Em Fortaleza, o ministro
do Desenvolvimento Regional,
Gustavo Canuto, se reuniu com o governador Camilo
Santana
no Palácio da Abolição e visitou a sede do Dnocs. FOTO: José Leomar
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Na
primeira visita ao Ceará, nesta sexta-feira (15), o ministro de Desenvolvimento
Regional, Gustavo Canuto, apresentou planos do Governo Bolsonaro para o
enfrentamento de um dos problemas históricos do Nordeste: a seca. Em entrevista
exclusiva ao Diário do Nordeste, ele disse que uma das estratégias da Pasta é
viabilizar a dessalinização da água do mar nas capitais da região. O ministro
antecipou, ainda, que trabalha em um Plano Regional de Desenvolvimento do
Nordeste e defendeu a revitalização do Departamento Nacional de Obras Contra as
Secas (Dnocs).
A
agenda de Canuto no Estado foi curta. Acompanhado do secretário nacional de
Recursos Hídricos, Marcelo Borges, o ministro, primeiro, se reuniu com o
governador Camilo Santana (PT), no Palácio da Abolição. No encontro, ele tratou
da Transposição das águas do Rio São Francisco, uma das principais saídas que o
Governo do Estado aponta para evitar colapso hídrico.
Canuto
deu um novo prazo para a chegada das águas do “Velho Chico” ao Ceará – no
segundo semestre -, mas foi além. Ele disse que o Governo Federal estuda a
implantação de usinas de dessalinização da água do mar no litoral do Nordeste.
Segundo ele, essa é uma das estratégias do Plano de Segurança Hídrica, que está
em elaboração pela Pasta e deverá ser apresentado no próximo mês de abril.
“Essas
grandes estruturas poupariam os mananciais do interior. No caso da Região
Metropolitana de Fortaleza, numa situação de seca severa, a planta de
dessalinização é ligada, abastece a região e poupa o Castanhão para abastecer o
interior do Estado. É uma compensação. A gente faz até uma associação com uma
termelétrica. Você usa, é mais cara, mas dá mais segurança. Para cidades
litorâneas é uma possibilidade”.
Outras
alternativas
Questionado
sobre o alto custo dos dessalinizadores, Canuto reconheceu que é um desafio,
mas colocou o financiamento da iniciativa privada e de organismos
internacionais como alternativas para viabilizar o projeto. Já o Dnocs, um dos
órgãos federais mais antigos em atuação no Nordeste, apresentou ao ministro
outra saída para mitigar efeitos da crise hídrica.
O
diretor-geral da instituição, Angelo Negreiros, apontou o uso de poços da
Petrobras abandonados pela União para abastecimento humano. “Esses poços não
têm óleo, nem gás, mas têm água. Se você sair de Iracema e for até Itaiçaba,
você tem 1.200 poços que têm água mineral entre 500 e 800 metros, alguns com
uma vazão de 200 mil litros por hora. Como os poços são federais, o Dnocs pode
pedir exploração”, explicou.
Na
sexta-feira, o ministro Gustavo Canuto visitou as instalações do Dnocs e ouviu
de diretores e servidores as principais demandas da instituição. A mais
reclamada foi o déficit de pessoal. O Departamento, que já teve 14.500
funcionários no quadro técnico, dispõe hoje de apenas 1.270 servidores ativos,
sendo que 70% deles estão prestes a se aposentar.
“Meu
entendimento, em uma conversa com o ministro (da Economia) Paulo Guedes, é
verificar a possibilidade de abrir concursos, para reforçar a equipe do Dnocs,
além de fazer as suplementações das rubricas (orçamentárias), mas a gente sabe
que o orçamento tem uma restrição muito grande, então vai depender do
contingenciamento que sair”, ponderou Canuto.
Crescimento
O
ministro de Desenvolvimento Regional do Governo Bolsonaro falou também sobre a
intenção de colocar em prática o Plano Regional de Desenvolvimento do Nordeste.
Segundo Canuto, tal Plano já está previsto na Constituição e, pela primeira vez
em 30 anos, pode ser concretizado.
Ele
detalhou que a proposta é apostar em cidades “intermediárias” do Nordeste que
poderão receber investimentos do Governo Federal em cinco eixos, dentre eles,
desenvolvimento produtivo, tecnológico e meio ambiente. No Ceará, o Ministério
avalia os municípios de Crateús, Iguatu, Juazeiro do Norte, Quixadá e Sobral.
“A gente pega cidades que têm um potencial de desenvolvimento, investe, e a
aposta é que o investimento naquela cidade desenvolva a região de abrangência,
e isso leva ao desenvolvimento da macrorregião”, sustentou.
Apresentação
O
plano está sendo elaborado pela Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste
(Sudene), em conjunto com o Ministério, e deve ser apresentado aos governadores
em abril. A meta de Canuto é levar a proposta aprovada pelos estados para
avaliação do presidente Jair Bolsonaro em maio e, depois, encaminhá-la para
votação no Congresso.
Questionado
também sobre possibilidade de privatização do Banco do Nordeste do Brasil
(BNB), o ministro disse que não poderia falar sobre o assunto, mas defendeu o
banco público. “Como operador do Fundo Constitucional do Nordeste, é essencial
que (o BNB) continue existindo”. (Diário do Nordeste)
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