Ana Campagnolo, do mesmo partido presidente Jair Bolsonaro, é favorável ao projeto de Escola sem Partido |
A
mensagem foi publicada pela então deputada estadual eleita Ana Caroline Campagnolo (PSL-SC) nas
redes sociais. No texto, ela pedia que alunos denunciassem professores que
fizessem "queixas político-partidárias em virtude da vitória do presidente
[Jair] Bolsonaro".
Após
iniciativa do Ministério
Público, a Justiça havia concedido liminar determinando que ela
se abstivesse de manter qualquer modalidade forma ou informal de controle
ideológico das atividades dos professores. A desembargadora Maria do Rocio Luz Santa Ritta, do Tribunal de
Justiça de Santa Catarina, entretanto, suspendeu a liminar em
janeiro. Depois disso, a ação chegou ao Supremo.
Ao
deferir a liminar, o ministro Fachin afirmou que a decisão da desembargadora
fazia uma releitura da mensagem de Campagnolo, dando a entender que ela estaria
atuando de forma legítima ao se colocar à disposição, nas redes sociais, para ouvir
a população.
A
decisão da desembargadora contraria
ainda medida cautelar referenciada pelo plenário que assegura a livre
manifestação do pensamento e de ideias em ambiente acadêmico.
"Ao
conclamar os alunos a exercerem verdadeiro controle sobre manifestações de
opinião de professores, a deputada transmite a ideia de que isso é lícito.
Estimula-os, em consequência, a se sentirem legitimados a controlarem e a
denunciarem manifestações político-partidárias ou ideológicas contrárias às suas",
destacou.
A
deputada do mesmo partido presidente Jair Bolsonaro é favorável ao projeto de
Escola sem Partido. A nova formulação do texto, apresentado nesta semana
na Câmara
Federal, quer assegurar aos estudantes o direito de gravar as
aulas contra supostas doutrinações.
Doutrinação
de esquerda
Defensores
do projeto entendem que ele busca a neutralidade na sala de aula contra uma
suposta doutrinação
de esquerda que dominariam as escolas brasileiras. Para os
críticos, a ideia de uma lei é autoritária, limita a pluralidade de ideias nas
escolas e ainda constrange professores. Não há evidências que indiquem que
doutrinação seja um problema amplo.
Decisões
judiciais de várias instâncias e uma liminar do STF já consideraram
inconstitucionais projetos similares a este. Havia previsão de análise final no
STF em novembro do ano passado, mas o presidente do Tribunal, ministro Dias
Toffoli, mudou a ordem dos julgamentos e adiou indefinidamente o processo.
Entendimento
do Ministério
Público Federal diz que o projeto é inconstitucional por
impedir o pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, negar a liberdade
de cátedra e contrariar a laicidade do Estado (por permitir no espaço público
da escola visões morais e religiosas particulares). (Diário do Nordeste)
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