FOTO: Marcelino Junior |
De
acordo com a médica veterinária Viviane de Souza, “essa resistência pode estar
associada à administração indiscriminada de antibióticos, sem a prescrição de
um médico veterinário, proporcionando, com isso, a resistência a drogas
antibacterianas”, alerta. A pesquisadora da Embrapa e integrante da equipe que
conduziu os testes com o rebanho, também acredita que o êxito na terapia das
mastites vem sendo prejudicado pelo crescente número de cepas resistentes.
Laboratório
A
mastite se caracteriza por uma inflamação da glândula mamária, na maioria das
vezes, de origem infecciosa, como ocorre com bactérias, fungos e leveduras. A
enfermidade determina uma série de alterações no leite, como sua composição,
além de diminuir sua quantidade, comprometendo, assim, a qualidade. Ao longo
dos testes, foram isoladas amostras da bactéria Staphylococcus aureus, uma das
principais causadoras da doença, além de intoxicação alimentar. O material foi
obtido a partir de 160 amostras de leite de cabras com mastite subclínica, que
é a manifestação com alterações na composição do leite.
Ela
só pode ser diagnosticada pela utilização de testes auxiliares, pois alguns dos
principais sintomas não são visíveis a olho nu. O material foi coletado de 40
cabras das raças Saanen e Anglo Nubiana, do rebanho da Embrapa. As cepas foram
submetidas aos testes de sensibilidade (antibiogramas) para os 11 antibióticos
mais utilizados nos tratamentos contra a mastite.
Resistência
Para
cada um dos medicamentos, as amostras foram classificadas como sensíveis
(quando há eficácia do medicamento contra o micro-organismo testado),
resistentes (o medicamento testado não se mostra eficaz) ou intermediárias (o
medicamento poderá não apresentar eficácia no controle dessa doença ou cepa).
Para a Penicilina G e Rifampicina, foi encontrada resistência de 100%, por
parte dos micro-organismos. Para Eritromicina e Tetraciclina, foi encontrado
percentual de resistência de 75%. Os demais variaram entre 25 e 50%. Somente o
Cloranfenicol não encontrou indicadores de resistência. No Ceará, as pesquisas
foram realizadas durante quatro meses na região de Sobral. O trabalho se
estendeu aos estados da Paraíba, Pernambuco, Minas Gerais e São Paulo. “Ainda não
fechamos os dados da pesquisa, mas confirmamos uma perda significativa na
produção do leite desses rebanhos”, reforça Viviane.
Prevenção
Ainda
segundo a avaliação da pesquisadora, as dificuldades no controle e tratamento
da mastite, a partir de uma realidade maior de resistência dos agentes
causadores, preocupa o setor produtivo, principalmente porque há perda de
qualidade do leite nas cabras acometidas e a possibilidade de contaminação para
consumo humano, o que pode ocorrer, inclusive, durante períodos de tratamento,
quando o leite não deve ser aproveitado. “Os laticínios remuneram produtores
pela qualidade. Esse mercado penaliza quem não produz leite com as
características desejadas”, afirma a cientista, além de reforçar a prevenção,
por parte do produtor, pois os indicadores de resistência suscitam a
preocupação com o controle da mastite nos rebanhos brasileiros, explica a
médica veterinária.
“O
ordenhador deve ficar atento à limpeza das mãos, das unhas, e do cabelo, usar
solução de iodo a 0,5% para limpeza das tetas dos animais e secá-las com um
papel toalha. É recomendável fornecer alimento, ao fim da ordenha, para evitar
que animal fique deitado”, observa Viviane. (Diário do Nordeste)
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