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Padre Cícero voou no sambódromo em cima de uma espécie de drone e agitou o público, que vibrava a cada decolagem. Foto: Sergio Moraes/Reuters |
O Estado do Ceará foi uma das principais atrações em três
desfiles consecutivos na 1ª noite do Grupo Especial de Escolas de Samba do Rio
de Janeiro, na madrugada desta terça-feira (5).
União da Ilha
do Governador, Paraíso do Tuiuti e Estação Primeira de Mangueira elegeram
personagens e histórias do Ceará para apresentar ao sambódromo
carioca.
Alguns dos principais
destaques nos enredos dessas agremiações são os escritores Rachel
de Queiroz e José de Alencar, o personagem Bode
Ioiô, o líder jangadeiro da abolição Dragão
do Mar e os índios Cariri.
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O lado boêmio do personagem cearense Bode Ioiô. FOTO: Roberta Souza |
União da Ilha do Governador
A primeira escola da
noite a homenagear o Ceará foi a Escola de Samba União da Ilha do
Governador, quarta a passar pela avenida. O desfile começou por volta de
1h23min desta terça-feira (5).
A Comissão de Frente da Escola homenageou Padre Cícero e foi
intitulada de "O Milagre da Fé". A
ala contou a história da chegada de Padim Ciço a Marquês de Sapucaí
para conceder sua bênção e promover verdadeiros milagres, renovando a fé ao ver
a tristeza da gente sofrida e guerreira do Ceará de José de Alencar e Rachel de
Queiroz.
Com o tema “A peleja
poética entre Rachel e Alencar no avarandado do céu”, o desfile da União da
Ilha contou com 29 alas e 5 alegorias. A decoração de um dos
veículos foi feita por 110 produtores da cidade de Jaguaruana,
que confeccionaram as redes usadas no carro alegórico.
O carro Abre-Alas " Dragão de Ipu e o Tesouro Holandês" foi todo
forrado com palha de carnaúba cearense e a escultura do guerreiro na
frente da alegoria é do artista cearense Assis Filho. As folhas usadas no
veículo levaram 5 meses para chegar ao Rio de Janeiro e o carro alegórico
levou para avenida um dragão de 12 metros altura.
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Cearense Leonel Hortêncio, que mora no Rio de Janeiro há 35 anos, desfilou pela primeira vez em uma escola de samba, na companhia do filho. FOTO: Roberta Souza |
O cearense Leonel Hortêncio Dias, 52, natural de Crateús,
desfilou pela primeira vez em uma escola de samba, momento que
foi compartilhado com o filho. Irmão da proprietária de uma rede de
restaurante considerado o reduto da culinária cearense no Rio de Janeiro,
Leonel levou para a Ala 4 da União da Ilha, intitulada Sabores do Sertão, a
experiência do ofício que desenvolve há 35 anos, trazendo a culinária do
sertão para o estado carioca. "A gente tem que preservar nossa cultura do
Ceará e a União da Ilha está fazendo um belo trabalho, uma homenagem muito
bonita a nosso estado", afirma.
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Espedito Seleiro é o homenageado da 24ª Ala da União da Ilha, intitulada “A Moda de Espedito Seleiro”. FOTO: Roberta Souza |
O artista e artesão natural do Cariri, Espedito Seleiro,
foi o homenageado da 24ª Ala da União da Ilha, intitulada “A Moda de
Espedito Celeiro”. A homenagem faz parte do 5º Setor, A Beleza Arrochada no
Aprumo, que também homenageia as rendas, o bordado e a moda de Ivanildo Nunes.
O mestre Espedito Seleiro, como é conhecido popularmente, desfila no carro
“Fios da Vida Tecendo Mundo”. Para participar da festa o artesão confeccionou a
própria vestimenta, entre elas uma peça que ele ainda não classificou o que
seria. “Nem é gibão, nem é colete, nem é paletó e nem é um blazer. É uma roupa
preparada para participar do desfile”, explica. Espedito Seleiro não esconde a
emoção ao falar sobre a expectativa de participar de um desfile na Sapucaí. “
Estou satisfeito, porque eu não esperava nunca está aqui participando de uma
festa linda desse tamanho. Só tenho que agradecer a Deus”.
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A rainha de bateria Gracyane Barbosa com a fantasia “Anjo
Sagrado do Sertão”.
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A rainha de bateria, Gracyane Barbosa, usou a fantasia
"Anjo Sagrado do Sertão", assinada pelo estilista Henrique Filho.
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FOTO: FÁBIO MOTTA/ESTADÃO CONTEÚDO |
Os componentes da bateria da escola desfilaram vestidos com
a batina preta que relebra a roupa usada pelo religioso Padre Cícero. Além dos
intrumentos tradicionais usados no samba, a bateria da União da Ilha incorporou
a sanfona, instrumento musical tradicional do nordeste.
Padre Cícero voou no sambódromo em cima de uma espécie de
drone e agitou o público, que vibrava a cada decolagem.
O desfile da União da
Ilha foi encerrado por voltas das 2h45min, com 73 minutos.
Paraíso do Tuiuti
A quinta escola a se apresentar na
Marquês de Sapucaí, Paraíso do Tuiuti, entrou na avenida às 2h53 e apresentou
para o público a história do Bode Ioiô, personagem da cultura cearense que foi
eleito vereador em 1922, em uma ato de protesto em Fortaleza.
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Carro alegórico que representa o homenageado Bode Ioiô. FOTO: Roberta Souza |
Vice-campeã do carnaval carioca, a Tuiuti trouxe para 2019 o
tema "O Salvador da Pátria". Com 3.200 componentes, a Paraíso do
Tuiti levou para a avenida 29 alas, 5 carros alegóricos e 2 tripés.
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Carro abre-alas da Escola Paraíso do Tuiuti. FOTO: Roberta Souza |
A comissão de frente da Tuiuti intitulada “Vendeu-se o
Brasil no Palanque da Praça” contou a história de como se deu a eleição do
Bode Ioiô e fez uma crítica a política da época, que sempre ficava na mão
dos mesmos atores.
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Segundo carro alegórico da Paraíso do Tuiuti. FOTO: Roberta Souza |
O carro representa o passeio do Bode Ioiô com os vendedores de
peixe na Beira Mar. A cabeça de dragão em arame homenageia o abolicionista
Dragão do Mar.
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Os integrantes do carro estão fantasiados de pescadores. FOTO: Roberta Souza |
Os integrantes do carro estão com vestimentas que fazem alusão
aos vendedores de peixe.
Ala "Serestando ao Luar" mostrou as andanças do
Bode Ioiô em meio às cantorias da boemia cearense.
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As duas faces de Fortaleza. FOTO: Roberta Souza |
Carro com duas faces mostrou a modernidade que Fortaleza
queria demonstrar e o sofrimento sertanejo que a capital tentava esconder.
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Lado humilde do povo sertanejo do Ceará. FOTO: Roberta Souza |
O lado que Fortaleza tentava esconder para passar uma imagem
superior as outras cidades em 1922.
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Bodinho Ioiô, mascote do homenageado, no carro Fauna Eleitoral. FOTO: Roberta Souza |
O Bodinho Ioiô, mascote do homenageado na escola de samba,
desfilou no carro "Fauna Eleitora", que fez uma crítica aos currais
eleitorais feito pelos coronéis, que obrigavam as pessoas a votarem nos
candidatos que eles queriam.
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Carro "Auto do Ioiô: A Resistência". FOTO: Roberta de Souza |
Carro alegórico trouxe uma imagem e um slogan compartilhado
após o resultado das eleições presidenciais de 2018. A imagem se tornou a
representação da resistência da população.
O desfile da Paraíso do Tuiuti foi encerrado por volta das
4h10min.
Estação Primeira de Mangueira
A Estação Primeira de
Mangueira entrou na Sapucaí às 4h14min com o enredo "História Pra
Ninar Gente Grande", que aborda o lado não-oficial de personagens da
história do Brasil e traz uma nova versão de acontecimentos históricos. O
desfile da Mangueira contou com 3.500 componentes, 24 alas, 5 alegorias, 2
tripés e um componente alegórico.
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Carro "Mais Invasão do que Descobrimento". FOTO: Roberta Souza |
O carro "Mais Invasão do que Descobrimento"
abordou a história do Brasil antes da chegada dos portugueses, com o
argumento que a história brasileira não se dá apenas a partir de 1.500. A
alegoria teve reprodução de pinturas rupestres encontradas na Serra
da Capivara, no Piauí, datadas com 9 mil anos.
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Carro "O Sangue Retido por Trás dos Heróis Emoldurados". FOTO: Roberta Souza |
Segundo carro da escola, com o nome "O Sangue Retinto
Por Trás do Herói Emoldurado", questionou as expedições no Brasil
colônia para a captura de riquezas e a exploração dos nativos.
O Ceará foi homenageado
pela Mangueira na Ala da Confederação dos Índios Cariri, que remeteu ao
conflito que reuniu em uma Confederação as tribos Crateús, Carius, Cariris
e Inhamuns para lutarem juntos contra a ação de portugueses que escravizavam e
vendiam índios como mercadoria.
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A frente do carro é composta por dragões em referência ao Dragão do Mar. FOTO: Roberta Souza |
No quarto carro da escola, o "O Dragão do Mar de
Aracati", fez uma releitura do abolicionista Chico da Matilde, natural de
Aracati, que combateu o tráfico negreiro no Ceará.
A imagem de Luis Gama, patrono da escravidão no Brasil, estampou
estandartes acompanhadas de uma embarcação na avenida.
No carro "A História que a História Não Conta" a
Mangueira mostrou novas versões sobre a história de personagens
brasileiros históricos.
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Padre Anchieta ganha uma nova versão de sua história. FOTO: Roberta Souza |
José de Anchieta, padre jesuíta espanhol e historicamente um dos
fundadores da cidade de São Paulo também ganhou outra versão no defile da
Mangueira.
A ditadura militar brasileira, que compreende o período de 1964
a 1985, também teve espaço no enredo da escola verde-rosa.
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Fotos da vereadora Marielle Franco, assassinada em março de 2018, marcou o encerramento do desfile. FOTO: Roberta Souza |
Bandeiras com o rosto da vereadora Marielle franco, assassinada
em março de 2018 no Rio de Janeiro marcou o encerramento do desfile da
Mangueira. A viúva de Marielle, Mônica Benicio e o deputado federal Marcelo
Freixo desfilaram à frente da última ala.
O desfile da
Estação Primeira de Mangueira foi encerrado por volta de 5h4min. (Diário do Nordeste)
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