Silvany Sousa foi morta em agosto na Praça da Sé, em Crato. FOTO: Antonio Rodrigues |
Nesta
sexta-feira, dia 08 de março, data em que se comemora o Dia Internacional da
Mulher, um ato entre a Praça da Prefeitura de Crato (com concentração às 8
horas da manhã) e a Praça da Sé promete reunir centenas de pessoas que lutam
pelo fim da violência contra as mulheres e a favor de seus direitos. Ambos os
espaços foram palco de feminicídio, quando mulheres perderam suas vidas em
decorrência da violência cometida por seus ex-companheiros, que não aceitaram o
término de seus relacionamentos. Geane Tavares de Sousa, assassinada na última
quinta-feira (28), e Silvany Sousa, morta no último ano, devem receber
homenagens no ato, que pede um basta à atrocidade frequente.
Dados
apresentados pelo Observatório da Violência no Cariri, da Universidade Regional
do Cariri (Urca), de 2018, apontam que, nos dois últimos anos, 4.123
ocorrências foram registradas nas Delegacias de Defesa da Mulher de Crato e
Juazeiro do Norte. Devido aos altos índices de violência contra a mulher, a
região caririense é reconhecida como uma das mais violentas no Brasil. Na
contramão dos fatos, a Frente de Mulheres de Movimentos do Cariri realiza, com
frequência, reuniões e ações de combate à realidade. Como acredita Verônica
Isidório, professora feminista que integra a Frente, a sociedade coloca as
mulheres para competirem entre si, seja pela beleza, pelo homem, por
comportamento etc. “É criado um ambiente de competição que é naturalizado na
sociedade. Isso é uma criação do patriarcado para que as mulheres não se unam,
pois sabem a força que possuem juntas”, completa.
A
sororidade, que prioriza o respeito, a empatia, o companheirismo e a aliança
entre as mulheres, chega como uma tentativa de quebra desse ciclo. Em defesa da
sororidade e de mudanças na sociedade, o ato deste ano tem como tema “As
mulheres resistem contra a violência e o desmonte do país”, que faz referência
às formas de violência física, psicológica e moral sofridas. Além disso, as
reformas da Previdência, Trabalhista e no Ensino também entraram no foco. Entre
as atuais demandas do grupo estão a instalação de uma Casa Abrigo, na intenção
de fortalecer a rede de acolhimento das mulheres, e o funcionamento da
delegacia especializada 24h por dia, incluindo os finais de semana. “Precisamos
que aumente a quantidade de equipamentos que atendem as mulheres. Continuaremos
em luta e vigilantes”, contou Verônica, ao destacar a pretensão em tirar o
Ceará do título de terceiro estado brasileiro mais violento contra a
mulher.
A
militante destaca, entre as mudanças necessárias, a reestruturação dos
equipamentos já existentes. Verônica menciona atendimentos com direcionamento
específico para mulheres, feitos por equipes compostas por mulheres, no
Instituto Médico Legal (IML); ampliação de delegacias; formação e qualificação
do pessoal que atende nos equipamentos; estruturação dos Centros de Referência
das Mulheres, incluindo medidas que tornem os funcionários fixos, sem que
ocorra mudanças que comprometam o andamento dos processos; e atendimento
específico na área de Saúde, para que não ocorram problemas em áreas como a
obstetrícia, como o recente caso do falecimento de uma adolescente em um
hospital público de Juazeiro.
Estupro
de vulnerável
Na
última semana, uma adolescente de 17 anos, em Crato, denunciou seis tios
paternos por estupros continuados ao longo de uma década. Como divulgado, a
violência teve início quando a menina ainda tinha sete anos de idade, após o
falecimento de seu pai. Cinco dos seis irmãos acusados foram capturados pela
Polícia Civil, que cumpriu os mandados de prisão temporária. Os suspeitos
responderão por estupro coletivo de vulnerável. A busca pelo irmão foragido
continua. A vítima, por sua vez, passará por tratamento psicológico.
(Jornal do Cariri)
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