Francisco Ailton Barbosa, de 55 anos, busca fazer seus exames de forma regular. FOTO: Kid Junior |
Entre
2014 e 2018, mais de 3 mil pessoas do sexo masculino morreram no Estado vítimas
da doença. Somente até outubro deste ano, o número de óbitos chegou a 458. Os
dados são do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), do Datasus.
Os
números preocupantes reforçam a importância da campanha do Sistema Verdes
Mares, durante todo o mês, com reportagens e ações envolvendo a população numa
reflexão sobre o tema.
Em
todo o País, ainda conforme o Inca, a estimativa é que se chegue a 68 mil novos
casos de câncer de próstata no biênio 2018-2019, o que corresponde a sete novos
casos diagnosticados por hora.
De
crescimento lento e silencioso, é o 2º de maior incidência entre os homens no
País, atrás apenas do câncer de pele. Não apresenta sintomas em seu estágio inicial,
por isso a recomendação médica de manter os exames preventivos atualizados é
tão reforçada, especialmente se o homem possui os principais fatores de risco.
Entre eles, segundo o médico urologista Humberto de Holanda, está o histórico
familiar e a obesidade associadas ao sedentarismo.
"Se
o homem tem parentes de primeiro grau com câncer, como pai ou irmão, aquilo
leva a um risco maior. A chance já dobra em relação ao resto da população e se
vai aumentando a quantidade de parentes esse risco também vai aumentando. Outro
fator de risco é ser um indivíduo da raça negra. Não se sabe ao certo porque,
mas estatisticamente se vê mais tumores em negros, em idade mais precoce e, às
vezes, com cânceres um pouco mais agressivos. A alimentação ruim, com muito carboidrato,
gordura, pouca fibra, além de poucas frutas e verduras contribui para a
obesidade e o risco também aumenta", diz.
O
diagnóstico precoce aliado ao tratamento correto, segundo destaca o
especialista, aumentam as chances de cura em até 90%. Quando em estágio
avançado, acrescenta, causa sintomas como dificuldade ao urinar, sangue na
urina, retenção urinária, além de dores ósseas, especialmente na coluna. Essa
fase da doença, no entanto, provavelmente já não é tratável.
"Pela
Sociedade Brasileira de Urologia a recomendação é que se façam os exames de
sangue e de toque, anualmente, a partir dos 45 anos para aqueles que possuem os
principais fatores de risco e os que não têm a partir dos 50 anos. Fazendo os
dois terão mais chances de encontrar, pois só em um pode haver falha",
explica Humberto de Holanda.
PREVENÇÃO
É
exatamente essa a forma de prevenção buscada pelo motoqueiro Francisco Ailton
Barbosa Barroso, 55, que já teve casos de morte por câncer de próstata na
família. Embora a consciência desse cuidado esteja tão presente, manter o
monitoramento todos os anos vem sendo um desafio, para ele que depende da rede
pública de saúde.
Francisco
conta que a espera por uma consulta no posto de saúde Humberto Bezerra, no
bairro Antônio Bezerra, demorou meses, e ele acabou sendo encaminhado para uma
unidade no Meireles. "Eu sempre ia na porta do posto, a mulher consultava
no sistema e dizia que não tinha. Era sempre a mesma resposta. Fui reclamar com
a assistente social. Contei a situação para ela que me encaminhou pra um outro
posto".
Na
unidade, o paciente conseguiu ser atendido e realizar o exame de toque, que
apresentou uma alteração, mas a preocupação agora diz respeito ao retorno ao
especialista, conseguido apenas para maio de 2020. Além disso, ele diz que foi
solicitada a realização de um novo exame para confirmar a presença ou não de um
tumor: uma ultrassonografia transretal.
"Isso
é muita coisa para quem descobriu no exame uma alteração de saúde. Você esperar
seis meses pra poder ser atendido, é um absurdo. Quer dizer que a doença pode
se propagar mais ainda e chegar a um certo ponto que não tem mais jeito",
lamenta.
A
alternativa, acrescenta Francisco, é tentar conseguir dinheiro para fazer o
procedimento na rede privada. "Eu vou fazer numa clínica particular porque
com certeza, se eu chegar lá (rede pública), eles vão dizer que não tem vaga e
eu vou ficar numa fila de espera de sete ou oito meses. O médico disse que isso
eu tenho que fazer urgente. Preciso procurar alguém pra fazer uma vaquinha e
poder fazer o exame. Não tenho o dinheiro todo", lamenta. (Diário do Nordeste)
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