FOTO: Bárbara de Alencar
Dia 20 de novembro é celebrado o dia da consciência negra em todo o Brasil. A data foi escolhida em referência a morte de Zumbi dos Palmares, o líder do Quilombo dos Palmares que lutou durante o período de escravidão, pela liberdade dos povos africanos, preservando a vida de quem conseguia fugir do regime da época.

A data tem importância por trazer o reconhecimento dos descendentes africanos e no crescimento da sociedade brasileira. No Governo Lula, quando a Lei nº 10.639 de 9 de janeiro de 2003, deliberava que no currículo escolar, tivesse o estudo da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”. Além disso, o Artigo 79-B da Lei diz que:

O calendário escolar incluirá o dia 20 de novembro como ‘Dia Nacional da Consciência Negra’.”

Mas, apenas no governo de Dilma Rousseff, com a Lei nº 12.519 de 10 de novembro de 2011, a data foi oficializada. O documento deu surgimento o “Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra”, sem a obrigação de que seja feriado ou não. Há 17 estados brasileiros que tem cidades que consideram a data feriado. No Ceará, apenas Redenção, na Serra de Baturité e Aracati, região metropolitana de Fortaleza.

O que as pessoas negras acham da data?
Dextape Emece, cantor de rap na cidade de Juazeiro do Norte, falou da importância que ele enxerga da data para o povo negro. De acordo com ele, é importante sim celebrar a data. “É para lembrar, celebrar e refletir, porque tudo converge. Acima de tudo, é um dia de resistência e conquista desde o princípio”, afirmou o músico.

Ele comparou o dia 20 de novembro com o 13 de maio, data da abolição da escravidão.

“Não é bem como o dia 13 de maio, considerado da mentira porque quem é do movimento negro, no qual a Princesa Isabel assinou ‘o documento libertando os escravos’ [sic]. O dia 20 foi conquistado e escolhido pelo movimento, de forma unificada, por homenagear a morte de Zumbi”.

O músico falou que a reflexão também é outro fator importante neste dia.”Temos que lembrar de todos que ajudam a construir e que construíram essa história junto de Zumbi, Martin Luther King, Bob Marley, Barack Obama, Beata Maria de Araújo, Beato José Lourenço, Marielle Franco, dentre outro que não são figuras públicas, mas que estão em lugar de representatividade”, ele disse.


FOTO: Bárbara de Alencar
Dextape finalizou reforçando a importância da celebração de tudo que já foi conquistado, mesmo que ainda seja mínimo.

“É importante celebrar sim, as conquistas que já tivemos nos avanços além dos direitos civis, como a própria liberdade de pensamento, o avanço das pessoas negras nas universidades, porque os pretos já foram muito privados. Só que é preciso seguir lutando, mesmo que muitas coisas sejam consideradas marcos históricos”.

Dia da Consciência Negra no Cariri
Durante toda a manhã desta quarta-feira (20), no centro da cidade do Crato, as mulheres do Grupo de Valorização Negra no Cariri (GRUNEC), juntamente com o Pretas Simoa, a Frente de Mulheres do Cariri e pessoas empáticas ao debate sobre feminismo e negritude, participaram da Marcha das Mulheres Negras.

A concentração foi em frente à Prefeitura do município e seguiu até a RFFSA, no Centro. De acordo com a organização, cerca de 300 pessoas participaram, em sua maioria, mulheres.

Júlia Simão, falou que a importância da Marcha em dar visibilidade as pessoas negras, em especial as mulheres, que são vítimas constantes de violência na sociedade.

“Nós consideramos que mulheres negras são a base da estrutura social brasileira e por isso é importante um espaço em que as mulheres possam se posicionar”, ela afirmou.

A jovem completou que as ações do GRUNEC não se concentram só no dia da marcha. “A gente produz atividades antes, durante e depois. Tivemos uma oficina de turbante e brincos com mulheres quilombolas, por exemplo. Porque esses trabalhos trazem a identidade das pessoas negras, pois nós fazemos parte de um processo político que muitas vezes apaga essas identidades. É de suma importância dar visibilidade”, finalizou Júlia.

(Fonte: Site Badalo)

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