A pesquisa de utilização das penas para retenção do óleo surgiu no ano passado em Juazeiro do Norte |
No
início de setembro deste ano, diversas praias do litoral nordestino começaram a
ser afetadas por uma mancha de óleo que, até agora, não se sabe ainda a exata
origem. Dois meses se passaram e os estragos foram exponenciais. De acordo com
o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama), 343 localidades em nove estados do Nordeste já foram atingidas pelo
petróleo cru.
Preocupados
com os prejuízos ambientais causados pelo vazamento do composto, estudantes do
ensino fundamental de Juazeiro do Norte, desenvolveram um projeto que pode
ajudar na limpeza das praias. Os alunos, com faixa etária entre 10 e 12 anos,
estão utilizando penas de animais, como gansos e galinhas, para retenção do
óleo. "É um projeto simples, mas que o resultado pode ser bastante
efetivo", explica a estudante Maria Eduarda Costa.
O
professor e orientador Ricardo Fonseca detalha que as penas têm a capacidade de
reter toda a substância oleosa da água, além de garantir sua qualidade.
"As penas são descartadas ao monte no lixo. Para muitos, não possui
utilidade nenhuma. Então, o projeto identificou uma boa solução para limpeza do
litoral afetado pelo óleo", pontuou.
O
projeto começou a ser desenvolvido no ano passado. O local de análise dos
estudantes foi o Rio Salgadinho que, em diversos pontos, apresenta sinais
latentes de poluição. "Quando inserimos as penas nesses locais, todo o
óleo é sugado. Depois é só retirar o material a água fica limpa", garante
o estudante Paulo Henrique Dantas. Fonseca avalia que o mesmo poderia ser feito
nos locais em que há grande concentração do óleo. "O helicóptero vai até a
esses pontos estratégicos e solta as penas que podem estar acondicionadas em
sacos de estopa", considerou.
Emulsões
Edmo
Montes, pesquisador do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
Ceará (IFCE), do campus de Camocim, também desenvolveu um estudo que pode
ajudar na limpeza do óleo. Trata-se de uma emulsão composta por água, óleo,
nutrientes inorgânicos, gelatina e surfactantes.
A
emulsão dupla fertilizada, como é chamado o produto, proporciona a
biodegradação de óleo no mar por meio da ação de micro-organismos,
principalmente as bactérias. Esse tem sido exatamente o maior desafio dos
profissionais e dos voluntários que buscam eliminar as manchas de óleo que têm
contaminado o mar do Nordeste há mais de 60 dias, gerando riscos à fauna e à
flora marinhas, bem como aos banhistas e às equipes envolvidas na operação de
limpeza.
"Tanto
o óleo presente na lâmina d'água, quanto aquele que permanece em áreas de
mangue e incrustado em rochas, que são de difícil acesso e limpeza, podem ser
biodegradados ao se empregar a tecnologia. As emulsões possuem afinidade pelo
petróleo, visto que sua superfície é hidrofóbica e, portanto, tendem a
permanecer aderidas a ele", explica Edmo.
(Fonte:
Diário do Nordeste)
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