O Ceará teve 229 casos de Covid-19 confirmados em grávidas desde o início da pandemia até a primeira semana de maio de 2021, período configurado como a Semana Epidemiológica 18. Outros 195 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em gestantes não foram especificados ou ainda estão em investigação.
O Estado é o primeiro em número de casos em grávidas do Nordeste. Os dados são do boletim epidemiológico de número 62 divulgado pelo Ministério da Saúde sobre a pandemia do coronavírus.
Seguindo o Ceará, a Paraíba fica em segundo lugar com 145 casos de infecções em gestantes. A Bahia fica em terceiro com 144, seguida pelo Maranhão, com 65 casos e pelo Rio Grande do Norte e Pernambuco, ambos com 42 casos de Covid-19 em gestantes.
Dentre os estados do Nordeste, o Ceará também é o primeiro em óbitos de gestantes com Covid-19. De acordo com o boletim, 28 grávidas morreram devido à doença. Ao todo, 475 grávidas vieram a óbito devido a complicações causadas pelo coronavírus no Brasil. Isso significa que 5,8% do total das mortes desse grupo aconteceram no Ceará.
MORTES E CASOS SÃO MAIS COMUNS NO TERCEIRO TRIMESTRE
Ainda conforme o Ministério da Saúde, a maior parte dos casos e óbitos em gestantes acontecem no terceiro trimestre da gravidez. Ou seja, 54,5% dos óbitos eram de pessoas que estavam nos últimos três meses do período gestacional.
Além disso, a idade das grávidas mais afetadas são daquelas na faixa de 30 a 39 anos, com 44,8% dos casos, o que equivale a 1.837, e 47,5% das mortes, com 240 notificações.
Chefe de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital César Cals (HGCC), Flávio Ibiapina confirma que as complicações são mais frequentes no terceiro trimestre da gestação. “Como essas novas cepas têm maior chances de ocasionar eventos tromboembólicos, esses trombos também ocorrem na microcirculação da placenta. Então, pode levar a indução de pré-eclâmpsia grave, sofrimento fetal, maior risco de complicação pulmonar e chances de internação na UTI. Ocorre que, quanto maior a idade gestacional, maior as chances de complicações pela Covid-19”, alerta.
O médico também reflete que a Covid-19 não parece aumentar os riscos de malformações e abortamentos na fase inicial da gestação.
VACINAÇÃO
Segundo Ibiapina, não só as pacientes gestantes com comorbidades correm riscos de morte materna com a infecção por Covid-19. Diante dos casos e riscos, o médico defende a vacinação ampla durante a gravidez.
“Se a gente considerar a mortalidade materna (gestantes e até os 42 dias de pós-parto), 60% dos óbitos ocorreram em pacientes de risco habitual. Portanto, restringir a vacinação apenas para pacientes grávidas com comorbidades não é a melhor estratégia. A melhor opção é manter as gestantes como grupo prioritário”, pontua Ibiapina, acrescentando que, se precisasse de um escalonamento, o ideal seria vacinar primeiro gestantes e depois puérperas.
Com relação à suspensão da aplicação da vacina Astrazeneca em gestantes devido a um evento adverso de óbito, ainda sob análise, o médico reforça que o caso pode estar relacionado aos eventos tromboembólicos da própria gravidez, já que é um período de aumento do risco desses eventos, “pela hipercoagulabilidade que acontece na gravidez”.
“As outras duas opções de vacinação [contra Covid-19] disponíveis no Brasil, Pfizer e Coronavac, são seguras para que consigamos manter a cobertura para esta população de risco, tanto as gestantes com comorbidades como as com risco habitual”, conclui o especialista.
Fonte: Diário do Nordeste
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