03/03/2022
O Grupo de Trabalho HIV/AIDS apresentou, em nota que contou com o apoio de mais de 20 entidades, a necessidade de um médico infectologista no Centro de Infectologia de Juazeiro do Norte. Como apresenta o grupo, são quase duas mil pessoas vivendo com HIV/ AIDS a nível local e a falta de um atendimento médico pode impactar diretamente no tratamento e acompanhamento que realizam. Em nota encaminhada pela Secretaria de Saúde, publicada em 22 de fevereiro, a Sesau informa que os pacientes atendidos no Centro estariam sendo assistidos, que não há interrupção dos serviços e que, após solicitação de exoneração do médico que atuava no equipamento, busca outro profissional para fazer a substituição do infectologista.
Como explica Alyne Alencar, médica da Rede Nacional de Médicos e Médicas Populares – Núcleo Cariri, há na região caririense três serviços públicos de HIV/Aids: em Brejo Santo, que atende aos pacientes da 19ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRES); Crato, com pacientes da 20ª CRES; e Juazeiro do Norte, que atende o maior número de pacientes, da 21ª CRES. “São cerca de três a quatro casos novos por semana que chegam somente ao serviço de Juazeiro”, explica a médica, junto a Daniela Schmitt, conselheira municipal de Saúde e membro da Associação Caririense de Luta Contra Aids. “Todas as Pessoas Vivendo com HIV têm direito a tratamento gratuito, dentro do SUS, com todas as consultas, exames e medicamentos necessários. Ninguém pode ter o acesso barrado ou dificultado, porque a demora significa a vida dessas pessoas”, enfatizam.
Alyne e Daniela citam que há uma grande dificuldade na contratação de médico especialista, por motivos que vão desde os salários pagos à sobrecarga oriunda da alta demanda. “São necessárias melhores condições de trabalho e salário, estabilidade de vínculo para todos os profissionais e melhoria estrutural física”. Elas afirmam que receberam da gestão municipal a informação de já estarem buscando um novo profissional e que o candidato aprovado no último concurso público seria convocado, assim como o cadastro de reserva, caso o aprovado não pudesse assumir o cargo. “Ressaltamos que, mesmo com a convocação do(a) próximo(a) médico(a), é extremamente necessária a convocação e/ ou contratação de um(a) segundo(a) profissional para atender à demanda reprimida e que também o município de Juazeiro reveja a questão de salário defasado dos profissionais especialistas, assim como foi feito ajuste na atenção primária nessa gestão”, completam.
A Associação Caririense de Luta Contra Aids consta que, em dezembro de 2021, uma reunião em Fortaleza apresentou a situação do serviço de HIV/Aids de Juazeiro. O desligamento de um dos médicos, o número de pacientes para apenas um médico e outras demandas do serviço, inclusive de municípios vizinhos, foram pautas no encontro. A Associação ainda cita que, em 29 de janeiro, o médico Pablo Pita, que atuava no Centro, notificou a Coordenação do Centro de Infectologia e os Recursos Humanos (RH) da Secretaria da Saúde sobre a saída dele, no mês seguinte, do serviço. Ao Jornal do Cariri, ele informou que a decisão foi tomada para que pudesse se dedicar a alguns projetos pessoais que estão em desenvolvimento, o que o impossibilitava de compatibilizar a carga horária.
De acordo com cronograma apresentado pela Associação, durante todo o mês de fevereiro, graças ao laço de afetividade construído entre médico e pacientes, Pablo Pita informava a eles sobre sua saída do serviço, orientando que procurassem a recepção/coordenação do Serviço para agendamentos e retornos. No decorrer dos dias, entidades somaram forças ao movimento, cobrando da Sesau um posicionamento e atuação para reverter a problemática. A discussão chegou também à Câmara de Vereadores, em que se comprometeram em analisar e buscar soluções. Como cita a Associação, o posicionamento da Secretaria de Saúde, assim como verificado na nota publicada pela Sesau, é de estar em buscar de novos profissionais. Duas infectologistas do cadastro de reserva estariam sedo cotadas para ocupar os cargos.
Fonte: Jornal do Cariri
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